16 março 2011

Auto-Retrato


O'Neill (Alexandre), moreno português,

cabelo asa de corvo; da angústia da cara, nariguete de sobrepuja de través,

A ferida desdenhosa e não cicatrizada.

Se a visagem de tal sujeito é o que vês

(omita-se o olho triste e a testa iluminada)

o retrato moral também tem os seus quês

(aqui, uma pequena frase censurada...)

No amor? No amor crê (ou não fosse ele O'Neill)

e tem a veleidade de o saber fazer

(pois amor não há feito) das maneiras mil

que são a semovente estátua do prazer.

Mas sobre a ternura, bebe demais e ri-se

Do que neste soneto sobre si mesmo disse.


Alexandre O'Neill

Sem comentários:

Enviar um comentário